quinta-feira, 22 de março de 2007

Metade da minha equipe foi ao correio

Lendo uma Wired (revista americana sobre tecnologia e comportamento moderno) passei por uma propaganda dos correios de lá que dizia mais ou menos assim:

"Pegar minhas encomendas aqui é o máximo. Os pacotes vão, nós ficamos. Porque, francamente, não podemos enviar 50% da nossa equipe para a agência de correio. "

A foto era de um empresário em seu escritório com um rapaz trabalhando ao fundo, ou seja, todos os 2 membros da sua equipe.

Existem (e são muitas) pequenas empresas e home offices no lado de cima do equador. E tenho a impressão que lá são vistas com mais normalidade e profissionalismo do que são encaradas aqui no Brasil.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Exemplos nem sempre exemplares de home offices

Fiz um colheita rápida de fotos no Flickr procurando por home office (a maioria gringos). Aí estão:

Defina vida 2.0

Vida 2.0 é um upgrade na vida. É aproveitar o momento e as tecnologias de hoje para ter mais controle sobre o tempo para que, além do trabalho, possamos aproveitar as outras dimensões da nossa vã existência.

Peguei meus conhecimentos, umas idéias, tecnologias e ferramentas novas que estão por aí, e passei a usá-los. A decisão de sair do escritório para começar a trabalhar de forma virtual disparou uma série de mudanças profissionais e pessoais e os frutos bons que colhi até agora foram:

- Horário flexível
- Produzir o mesmo com menos dinheiro (e as vezes mais rápido)
- Rodar leve, com menos custos e mais lucro
- Trabalhar com uma equipe menor, mais qualificada
- Redução do stress inerente a um escritório cheio
- Mais tempo para a família e casa
- Dirigir menos
- Praticar mais esporte

segunda-feira, 19 de março de 2007

Trabalho em uma segunda chuvosa


Sabe aquelas segundas-feiras com frio e chuvinha, o céu um pouco escuro, que têm o incrível poder de te atrair para um cobertor? Poder aproveitar um pouco dessa sensação é um privilégio de quem trabalha em casa. É simplesmente poder acordar no tempo mais lento que a natureza está pedindo, e não sair desesperadamente pelas ruas para não atrasar no relógio de ponto.

Nesta semana uma segunda-feira dessa ocorreu. Enquanto acordava preguiçoso, preparava e tomava café, li notícias, preparei a agenda da semana, vi e repondi alguns emails. Ou seja, apesar de estar na cozinha, trabalhei exatamente como se estivesse em minha mesa de trabalho, composto e de cabelo penteado.

sexta-feira, 16 de março de 2007

De casa ao trabalho em 15 passos

Para chegar até minha mesa de trabalho levo exatos 15 passos em 10 segundos, percorrendo o caminho de 13 metros que separa minha casa do meu escritório (que fica aos fundos). A velocidade de 4,7 km/h é mais do que suficiente.

Façamos algumas contas. Vou comparar com o trajeto que fazia na minha vida 1.0. Eram 4 idas e vindas de 5 km em 15 minutos cada, num total de 20km e 60 minutos por dia.

Em um ano de dias úteis isso significava:

- 4.800 km
- 480 litros de gasolina
- R$ 1.032 de combustível
- 240 horas no carro (troque por 10 dias de férias!)

Faça a conta com os seus parâmetros e calcule, não deixando de acrescentar o custo das horas paradas no carro, trocas de óleo, batidas, engarrafamentos, pneus e embreagem desgatados, stress, aspirina para as dores de cabeça, risco de assalto, pedágios, estacionamento. (Ah, e a sua parte no aquecimento global!)

Ao migrar para o trabalho em casa muito disso simplesmente desaparece! Primeiro resultado: sobra tempo. Segundo: você economiza dinheiro.

Claro que ainda ando de carro: para reuniões externas, passeios com a família, coisas para resolver na rua, compras e viagens a São Paulo. Mas no dia a dia substituo trajetos de até 2km por caminhadas ou pedaladas. Há semanas em que tenho que ligar o carro na garagem, pra não ter problemas por ficar muito parado.

Dirigir menos é um benefício da minha vida2.0 .

Tataravô do trabalho em casa


O home office é considerado um fenômeno moderno que traz a possibilidade de flexibilizar o trabalho e realizá-lo (total ou parcialmente) de casa, afastando-nos da centralização exigida pelos escritórios e fábricas. Mas bem antes dos computadores e das próprias fábricas, na Inglaterra de 1800, os empreendedores e até mesmo o estado se beneficiavam de um sistema de produção baseado no trabalho doméstico: o putting out system (ou domestic system).

Veja só a incrível semelhança: "O trabalho era organizado por um agente que distribuía partes da produção para pessoas ou pequenos grupos, que a realizavam usando suas próprias máquinas, geralmente em suas casas. Os contratados fabricavam ou montavam partes dos produtos, através de um processo altamente descentralizado, utilizando pequenos grupos de trabalho e profissionais altamente qualificados" (extraído do verbete na Wikipedia)

É um relato perfeito, feito há 200 anos, da técnica que uso atualmente para administrar meus negócios de alta tecnologia. A diferença é que hoje o produto é digitalizado e viaja em segundos pelo mundo. Já na Inglaterra do século XIX, a matéria-prima para roupas, fechaduras e até armas era distribuída fisicamente para os grupos de trabalho, e depois recolhida já na forma do produto acabado.

O trabalho em casa antigamente era muito comum. Além de abrigar a família, geralmente a casa também era o local do ofício do chefe dela. Começou-se a sair mais de casa para trabalhar quando a revolução industrial promoveu a concentração dos meios de produção (grandes fábricas e escritórios da lógica industrial) e a expansão dos meios de transporte. Mais tarde os fenômenos do carro, do subúrbio e do american way of life arrancavam as pessoas de casa diariamente para o único local onde o trabalho podia se realizar: fora dela.

O incrível é que ainda hoje muitas empresas, mesmo as da era da informação, acreditam que o único modelo de trabalho possível é o de "cartão de ponto" do século passado. Modernos eram os tataravôs dos ingleses.

quarta-feira, 14 de março de 2007

CASE: Um exemplo de Paraíso


Bill e Rebecca trabalhavam em uma rádio que consideravam ser apenas um "conduíte para a publicidade". Resolveram abandonar o emprego, mudar e fundar há 7 anos a Radio Paradise (www.radioparadise.com). As transmissões feitas da casa deles, em Paradise, California, diretamente para meu winamp me acompanharam nas caixinhas de som nesses anos de web. Seleção eclética e de bom gosto: tesouros musicais antigos, novas descobertas, world music, electronica, jazz e até clássica. E o melhor, sem intervalos!

A Radio Paradise opera no modelo "livre de comerciais" e "suportada pelos ouvintes", ou seja, o casal recebe dinheiro de doações voluntárias ("se você gosta, não deixe ir a falência") para pagar as despesas com a conexão pesada de internet, royalties das músicas e tudo o mais. Mesmo transmitindo para todo o mundo, o custo ainda é menor do que o de uma rádio convencional.

A vida 2.0 do Bill e da Rebecca os permitiu praticar o que acreditavam: que fazer uma transmissão de rádio é uma forma de fazer arte.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Um dia trabalho de 4 horas?



Fiz o seguinte exercício: listei os horários da minha vida 1.0 (aquela vida normal de quem trabalha em escritórios). Não era um mau horário, das 9:00 às 18:00 com 2 horas de almoço (noites varadas não foram contabilizadas...). A lista segue abaixo:



  • 8:40-9:00 - caminho de casa ao escritório
  • 9:00 às 9:30 - "aquecimento" (liga computador, baixa e lê email, toma café, bate um papinho)
  • 9:30 às 12:00 - trabalho "de verdade"
  • 12:00 às 14:00 - ir para casa almoçar e voltar
  • 14:00 às 14:15 - "aquecimento" pós almoço
  • 14:15 às 16:00 - trabalho "de verdade"
  • 16:00 às 16:30 - cafezinho e conversa
  • 16:30 às 18:00 - trabalho "de verdade"
  • 18:00 às 18:20 - caminho de volta pra casa
São portanto 8h40min (descontei 1h do almoço) dedicadas ao trabalho. Considerando apenas o trabalho "de verdade", temos 5h45min.

Há aspas no "de verdade" pois todos sabemos que não produzimos em 100% de nosso tempo de trabalho (talvez você não esteja agora, está?). Considere os tempos gastos com: conversas particulares ao telefone (é o amor...), navegação à deriva pela web, notícias, orkut, messenger, virus do computador, banco online, youtube, jogo de paciência, discussões políticas e de futebol, problemas pessoais, reuniões infrutíferas, imprevistos, sistemas fora do ar, só pra citar alguns.

Supondo que eu gastava 1/4 do tempo de trabalho com atividades que não tinham nada a ver com trabalho, sobravam apenas 4h20min de trabalho "real", ou seja, somente METADE do tempo que eu disponibilizava para o trabalho era usado efetivamente para trabalhar! E quem leva algumas horas nos trajetos de casa ao trabalho tem índices de "trabalho real" ainda menores que os meus 50%.

Quando mudei pra minha vida 2.0 e comecei a trabalhar no escritório de casa, comecei a sentir algum tempo sobrar. Não gastava mais com a locomoção, as 2 horas de almoço viraram apenas uma, o "conversê" diminui pois não trabalho mais com muitas pessoas juntas, no máximo 1 ou 2.

Tornou-me então possível me concentrar no trabalho por 4 ou 5 horas por dia e dar conta de tudo que dava anteriormente em um dia de 8 horas. O tempo que sobra é meu e decido o que fazer com ele. Talvez invista-o em algum novo projeto, ou gaste no messenger e orkut ou ligando pro meu amor...

Minha vida 2.0

Há exatos 2 anos estava tomando uma importante decisão em minha empresa: "virtualizar"! Num misto de vontade antiga com necessidade de simplificar a empresa e seus custos, parti para uma mudança radical em minha vida: trabalhar em meu home office comandando a nova equipe virtual da Emotioncard, empresa de webcards da qual sou sócio junto com Alex Leão.

Esse blog é sobre essa minha nova vida 2.0, que ainda está em Beta mesmo depois desses 2 anos (como quase tudo na internet de hoje).

Resolvi aproveitar o que a indústria da mobilidade (laptops, celulares, redes wireless) oferece como "estilo de vida móvel", mas que poucos têm a real oportunidade e a sorte de usufruir. Algumas vantagens são óbvias: mais flexibilidade de horários, convivência com a família (tenho 2 filhas lindas!), fim do trânsito, economia, qualidade de vida... Mas nem só de rosas é feita essa vida 2.0...

Escreverei nesse espaço sobre minha experiência e de amigos que mudaram de uma empresa com escritório de "tijolos e cimento" para um modelo virtualizado, que ferramentas são usadas para isso, como é o dia-a-dia de uma empresa virtual, os prós e contras, a solidão, a administração de tempo e por aí vai.

Se você trabalha em casa (ou quer isso), é empresário, trabalha com internet ou RH, viaja muito (no bom sentido) ou se identifica com o tema, acompanhe e comente os posts e me ajude a tornar este blog um ponto de discussão desse tema.

Vou parar esse post por aqui: a Nika, meu cão labrador, quer jogar bolinha comigo.